Produtos de festa junina apresentam variações de até 157% no estado do Rio, aponta Procon-RJ – Diário do Rio de Janeiro

Em meio às celebrações de São João, um levantamento conduzido pela Secretaria de Estado de Defesa do Consumidor (SEDCON) em parceria com o Procon-RJ revelou fortes disparidades de preços em itens típicos de festa junina, tanto em lojas físicas quanto no ambiente digital. A pesquisa, realizada entre os dias 5 e 13 de junho de 2025, aponta variações que ultrapassam os 150% em produtos amplamente consumidos no período.

Entre os destaques do relatório estão quatro produtos vendidos em Campos dos Goytacazes, na Região Norte Fluminense, que apresentaram variações acima de 100% entre o menor e o maior preço registrado:
– Ervilha Fugini: 123,54%
– Canjica Granfino: 114,22%
– Paçoca Paçoquita: 100,14%
– Cocada Colônia: 100,13%
A salsicha Seara também apresentou alta oscilação, de 80,08%, enquanto a marca Sadia variou 50,50%. Esses números evidenciam a fragilidade das práticas de precificação em determinados mercados regionais, onde a ausência de concorrência direta e a baixa transparência elevam os riscos ao consumidor.

Na capital fluminense, o produto com maior variação foi a canjica Yoki, com diferença de 87,72% entre estabelecimentos. Mesmo em grandes redes varejistas, onde se esperaria maior controle logístico e uniformidade de preços, a pesquisa mostrou que o comportamento do mercado segue instável.

Mas foi no comércio online que se registraram os maiores contrastes. O milho de pipoca Yoki chegou a variar 157,59% entre plataformas. Outros exemplos incluem o pé de moleque Colônia (117,41%), salsicha Seara (141,50%) e o conhaque Dreher (84,30%). Segundo a SEDCON, essa volatilidade pode estar associada ao uso de algoritmos dinâmicos de precificação, segmentação de públicos e estratégias comerciais específicas para vendas digitais.

Além das variações de preço, a pesquisa identificou escassez pontual de itens em diferentes pontos de venda, tanto físicos quanto digitais. Marcas populares estavam ausentes em várias gôndolas e páginas, o que reduz as opções do consumidor e pode forçar compras com menor custo-benefício. O Procon-RJ alerta que a indisponibilidade de produtos em datas sazonais pode ser reflexo de falhas logísticas, prioridades comerciais ou dificuldades de distribuição regional.

Durante a ação, os agentes de fiscalização também realizaram uma operação nos pontos de venda. Sete estabelecimentos foram autuados no dia 25 de junho por diferentes infrações:
– Falta de preços visíveis em produtos como paçocas, enfeites, baldes de pipoca e sacolas plásticas;
– Ausência do certificado do Corpo de Bombeiros em um dos locais;
– Quatro estabelecimentos sem o cartaz informativo 151 do Procon-RJ, item obrigatório que orienta o consumidor sobre seus direitos.

“Temos relatos de consumidores que prolongam o arraiá até setembro e chamam de festa setembrina. Isso mostra o quanto essa é uma comemoração importante para a população. As festas estão a pleno vapor e estamos comprometidos em apoiar os consumidores na defesa de seus direitos por meio de fiscalizações, pesquisas de preços e orientações úteis”, afirmou o secretário de Defesa do Consumidor, Gutemberg Fonseca.

O relatório também traz orientações práticas aos consumidores para evitar problemas durante as compras:

Antes da compra:
– Estabeleça um orçamento e faça uma lista;
– Compare preços entre mercados, feiras e atacadistas;
– Desconfie de promoções exageradas;
– Verifique validade, composição e presença de alergênicos nos rótulos.

Durante a compra:
– Analise se os produtos estão devidamente armazenados e refrigerados;
– Observe se os balcões de carnes, laticínios e embutidos estão funcionando corretamente;
– Exija nota fiscal.

Após a compra:
– Guarde os comprovantes, inclusive de ofertas e promoções digitais.

A pesquisa reforça o papel da informação como ferramenta de proteção ao consumidor. De acordo com o Procon-RJ, variações extremas como as observadas neste levantamento só confirmam a necessidade de planejamento, atenção e cautela, especialmente em períodos de alta demanda como o das festas juninas.