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IPHAN promove ‘halloween’ interno, mas assustadora é a situação de imóveis tombados no Rio de Janeiro – Diário do Rio de Janeiro

IPHAN promove ‘halloween’ interno, mas assustadora é a situação de imóveis tombados no Rio de Janeiro – Diário do Rio de Janeiro
  • Publishedoutubro 30, 2025
IPHAN promove ‘halloween’ interno, mas assustadora é a situação de imóveis tombados no Rio de Janeiro – Diário do Rio de Janeiro

Carta do papai Noel
Fazenda São Bernardino, em nova Iguaçu

Um comunicado interno do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) chama todas as superintendências, departamentos e unidades especiais para uma tarde de “halloween” nesta sexta-feira (31/10).

A ideia é transformar os espaços de trabalho do Instituto em uma festa emulando o dia das bruxas, mas com elementos da cultura e do folclore do Brasil.

As travessuras soam divertidas, mas sombria mesmo está a situação de alguns imóveis tombados pelo IPHAN no estado do Rio de Janeiro.

Um levantamento feito pelo DIÁRIO DO RIO mostra, pelo menos, seis imóveis tombados pelo IPHAN que estão com aspecto de filme de terror. São: a Igreja Mãe dos Homens, Igreja do Carmo, Fazenda São Bernardino (em nova Iguaçu), o prédio que foi da UFRJ localizado na Praça da República, o Palacete Cornélio (Catete), além de um casarão histórico em Magé, demolido neste ano.

“Eu defendo a ideia de que os órgãos de proteção devem cobrar ao menos projetos emergenciais que eliminem os riscos dos imóveis. Eu chamo de riscos problemas estruturais, riscos de incêndio, sendo o maior deles as instalações elétricas, e ausência de estanqueidade, ou seja, água por cima ou por baixo. Mas em geral, os proprietários, principalmente os imóveis públicos, primeiramente cuidam das fachadas”, afirma Carlos Fernando Andrade, doutor em urbanismo pela UFRJ e diretor da empresa Urbanacon.

Os exemplos citados pelo DIÁRIO DO RIO foram noticiados na imprensa, inclusive no próprio jornal. Em relação ao casarão de Magé, o próprio Iphan considerou a demolição ilegal.

Uma das pérolas dos estilos Rococó e Barroco do Rio de Janeiro, a Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens foi construída no Centro em meados do século XVIII. A Capela teve as suas obras iniciadas em 1752, após a criação da Irmandade Nossa Senhora Mãe dos Homens, em 1750. A igreja se encontra em péssimo estado de conservação e o IPHAN foi condenado pela Justiça Federal a executar o projeto de restauro e fazer as obras necessárias, mas há dois anos nada é feito e a igreja segue fechada.

Nos últimos meses, depois de anos de abandono, o Palacete da Praça da República, que voltará a pertencer à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), começou a ser reformado. No entanto, a reforma é paliativa. Os trabalhos, iniciados no fim de julho, devem seguir até novembro e incluem escoramento de uma parede do segundo pavimento, troca da tela de proteção da fachada, manutenção pontual da concertina, limpeza interna, retirada de entulhos e vegetação, instalação de tampa na cisterna, colocação de escada provisória, vedação do vão de entrada com porta temporária e fechamento de aberturas no térreo, segundo informações enviadas em nota oficial ao DIÁRIO DO RIO.

A histórica Fazenda São Bernardino, construída em 1875 e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1951, receberá a primeira parcela de R$ 505 mil do para que a Prefeitura de Nova Iguaçu inicie neste ano o projeto executivo de sua reconstrução. O imóvel pegou fogo nos anos 1980 e de lá para cá, a conservação foi se deteriorando.

“Nem sempre os imóveis são de responsabilidade do IPHAN, aliás, a maioria não o é. Porém, de toda forma, o IPHAN sofreu nos últimos anos, principalmente, no governo anterior, um descaso considerável. Além disso, por ser um órgão federal, mas por ter uma trajetória estadualizada ou seja, começou nacional e termina com 27 superintendências estaduais, acaba com se confundir com aspectos locais, enquanto a sede em Brasília perde a dimensão nacional“, pontua Carlos Fernando Andrade.

Em relação ao que pode ser feito para que imóveis históricos não fiquem nesse estado assustador, Carlos Fernando Andrade diz que “Há uma excessiva preocupação com áreas de entorno, leva-se um tempo enorme para aprovar projetos em áreas que já estão densamente construídas para se discutir se a edificação pode ter mais vinte ou vinte e um pavimentos, Enquanto isso a edificação histórica pode cair. É como ficar discutindo o prego que sustenta o quadro, descurando-se da pintura que dá sentido e valor ao quadro“.

Que o futuro reserve um quadro menos medonho ao patrimônio histórico do Rio de Janeiro.

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Fonte: diariodorio.com