Em Laranjeiras, bairro da sede do Governo do Estado, ônibus é sequestrado para bloquear pista – Diário do Rio de Janeiro

Bairro onde fica o Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado, Laranjeiras, na Zona Sul carioca, registrou um ato de retaliação à megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, na noite desta terça-feira (28), por volta das 20h.

Segundo testemunhas ouvidas pelo jornal O Globo, um homem teria se pendurado na porta de ônibus da linha 584, que faz o trajeto Cosme Velho x Leblon, e sequestrado o veículo, usando-o para bloquear a Rua das Laranjeiras, na esquina com a Pereira da Silva, nas proximidades da sede oficial do Governo do Rio, e do Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar.

Ao jornal, o motorista do coletivo afirmou não ter visto se o homem estava armado ou não, dada a rapidez da ação. No momento do sequestro, o ônibus transportava sete passageiras. Por volta das 21, soldados da PM retiraram o transporte do local.

Morador de Laranjeiras, o procurador Fábio Dantas disse ao vespertino carioca que ficou surpreso com a ousadia do criminoso no perímetro de influência do Palácio Guanabara. O procurador também lamentou as dificuldades enfrentadas pelas pessoas que vivem nas favelas dominadas pela criminalidade no Rio de Janeiro:

“A gente fica estarrecido em ver uma cena do cotidiano de guerra que o Rio de Janeiro vive na Zona Sul, numa área de influência do Palácio Guanabara, inclusive. Quando vi o ônibus pela minha janela, pensei imediatamente em ligar para a polícia”, disse Fábio Dantas, lembrando como as pessoas socioeconomicamente vulneráveis são vitimadas por uma série de crimes praticados pelos bandidos:

“Imagina quem mora sob o jugo do Comando Vermelho dentro das comunidades… As pessoas mais carentes são submetidas a tribunais do crime, de execuções, têm que pagar taxa e coisas muito mais absurdas do que esse absurdo do ônibus aqui na frente”, afirmou ele ao Globo.

A megaoperação, que mobilizou 2,5 mil policiais e também promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), foi seguida por uma série de retaliações por parte dos criminosos, que fecharam várias ruas das zonas Norte e Sudoeste da capital. Assim como em Laranjeiras, os bandidos usaram ônibus, além de caçambas de recolhimento de lixo para bloquear as pistas. O caso de Laranjeiras foi o primeiro da Zona Sul, até o momento.

A atuação do Governo do Estado no complexo de favelas resultou em 64 mortos, sendo quatro deles policiais: dois agentes da Polícia Civil e dois do Bope. Entre os bandidos mortos, dois eram provenientes da Bahia. Durante a ação, quatro pessoas foram baleadas e sorridas, nenhuma apresenta risco de morte.  

A operação teve como objetivo o cumprimento de mandados de prisão contra membros do Comando Vermelho (CV), entre os quais 30 são de fora do Rio e estavam escondidos nas favelas cariocas. Os criminosos foram identificados após investigações sobre a expansão territorial da facção criminosa.

Além dos mortos e feridos, a operação policial também resultou, até o fim da tarde de terça-feira, na prisão de 81 pessoas, e apreensão de 93 fuzis.